sábado, 24 de julho de 2010

Fim do JB

Na ultima Quinta-feira (22), o poeta Affonso Romano de Sant’Anna esteve no programa do Jô, para divulgar a edição especial de 30 anos do livro “Que País é este?” e em entrevista contou um pouco de sua trajetória como jornalista, escritor e poeta, e na conversa entre ele e Jô, um assunto foi brevemente comentado, o fim da edição impressa do Jornal do Brasil, um dos mais tradicionais jornais do país, hesitei em escrever de cara uma postagem sobre isso, todavia, precisava me aprofundar na questão e saber a quão verdade seria esse fato e quais seus detalhes ao certo.
Imagino que não tenha pensado ser uma mentira, pois saiu da boca de Jô Soares e Affonso Romano de Sant’Anna que já escreveram para esse jornal e são jornalistas respeitadíssimos, porém, como um novato estudante da área, era difícil imaginar o fim de um jornal, uma empresa de comunicação tão forte que fez parte da história desse país.
Confesso que nunca tive o contato pessoal com esse jornal, que diariamente passa pelas mãos dos cariocas, porém, mesmo sendo um paulista, tenho respeito total por aquele que é – ou melhor, foi – a publicação de maior prestigio na historia desse país.
O JB foi fundando em 1981 por Rodolfo Epifânio de Sousa Dantas, com intenção de defender o regime deposto. De nível elevado, contava com a colaboração de José Veríssimo, Joaquim Nabuco, Aristides Spínola, Ulisses Viana, José Maria da Silva Paranhos Júnior e outros como Oliveira Lima, então apenas um jovem historiador.
O periódico inovou por sua estrutura empresarial, parque gráfico, pela distribuição em carroças e a participação de correspondentes estrangeiros, como Eça de Queirós. O seu primeiro número veio a público em abril. De orientação conservadora, defendia a monarquia recém-derrubada, até que Rui Barbosa (1849-1923) assumiu a função de redator-chefe (1893). Nesta fase inicial, o Barão do Rio Branco (1845-1912) colaborou, em suas páginas, com as célebres colunas Efemérides e Cartas de França.
O então presidente da República, Floriano Peixoto (1891-1894), determinou o fechamento do jornal e mandou caçar Rui Barbosa, vivo ou morto. O jornal, foi fechado, assim permaneceu por um ano e quarenta e cinco dias. A partir de 15 de novembro de 1894 voltou a circular, sob a direção da família Mendes de Almeida. A opção pela data assinalava o apoio à República, e a sua nova proposta editorial voltava-se para as reivindicações populares. Foi propriedade dos Conde e Condessa Pereira Carneiro e depois de seu genro, Manuel Francisco do Nascimento Brito. O jornal apoiou o golpe militar de 1964. Publicou, no dia 1º de abril daquele ano, editorial defendendo a deposição do presidente João Goulart:
“Desde ontem se instalou no país a verdadeira legalidade... Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas.” Jornal do Brasil.
A partir de 16 de Abril de 2006 começou a circular nas bancas no chamado "formato europeu", um formato maior que o tablóide e menor que o convencional, seguido por diversos jornais daquele continente.
Em 2001, a família Nascimento Brito arrendou o título do jornal para o empresário Nelson Tanure por 60 anos, renováveis por mais 30. A intenção do empresário, conhecido por comprar empresas pré-falimentares, saneá-las e depois revendê-las, era recuperar o prestígio do jornal. Naquele ano, as vendas do jornal eram de 70 mil em média durante a semana e 105 mil aos domingos. Recuperou-se a partir de 2003, atingindo 100 mil exemplares em 2007, quando então as vendas novamente começaram a cair, chegando a 20.941 em março de 2010.
E agora, o fim? Um jornal de tanta grandeza não irá ser visto pelas futuras gerações, mas não será esquecido, pois está na história da imprensa desse país, a sua versão online continuará, mas li e concordo com as palavras do jornalista Alberto Dines, que por 12 anos trabalhou no jornal, ele disse em uma entrevista a rádio CBN que a colocação dessa versão online é só uma forma de adiar o fim.
Por mais que alguns funcionários do jornal, digam que Pedro Grossi, um dos diretores da publicação tentou salvar o jornal, o controlador da marca Jornal do Brasil, Nelson Tanure, jogou a toalha de vez.
Certas fontes dizem que o jornal tem data para a última publicação, 31 de agosto de 2010.
O Jornal do Brasil mesmo acabando, continuará na história de toda a imprensa nacional, e acredito que é válido que todos os jovens estudantes de jornalismo, conheçam pelo menos um pouco da história desse glorioso veículo de comunicação.

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