quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Humor inteligente, a arte de fazer jornalismo nas artes cênicas

Olá querido leitor, você com certeza já ouviu falar em humor inteligente, na TV e na internet está em alta a exposição desses comediantes considerados inteligentes, mas, qual é a diferença de um comediante que faz esse tal de humor inteligente com um outro qualquer? A resposta é fácil, o texto.

Se fizermos uma escala de evolução do humor, iríamos perceber que algumas mudanças aconteceram com o passar do tempo, no topo da pirâmide dessa evolução se encontra o palhaço, que com a roupa colorida e todos os trejeitos atrapalhados, faz muita gente rir nos circos em que se apresentam; existe um estereótipo de palhaço assustador que ronda algumas crianças, e faz muita gente ter medo, mas isso é bobagem se formos analisar o principal papel desse eterno personagem fazedor de risos.

No palhaço está a animação e todos os trejeitos que todos conhecem, porém outro tipo de humor que é muito comum é o humor de piadas rápidas, assuntos comuns de se encontrar nesse tipo de piada são: loira, papagaio, português, sogra, entre vários outros.

Existe uma subdivisão que eu sempre faço na minha cabeça quando se diz em piada, existe a piada de salão e a piada de boteco, ou seja, a piada de salão é mais limpa, e não tem erotismo algum e nem mesmo palavrão, já na piada de boteco é comum o palavrão e o erotismo, a piada da bichinha é normal nessa situação.

Leitor, só um adentro que gostaria de fazer antes de continuarmos, tudo que está ai, é uma teoria criada por mim, não vá pensar que isso é algo estudado anteriormente e que deve ser encarado com seriedade, tudo dito até agora é baseado nas minhas idéias e opiniões, fique a vontade para discordar.


Bom vamos continuar...

Mencionamos aqui o palhaço, e as piadas ou anedotas sejam elas leves ou pesadas; esquecemos-nos de falar do humor no teatro, que talvez tenha surgido antes da imagem do palhaço, mas vamos fazer um pequeno comentário sobre o teatro do humor, porém, não vou dizer com a propriedade de quem entende, mas, de quem assiste.

Fazer rir no teatro, é mais difícil que fazer chorar, e os profissionais do humor que fazem teatro merecem todas os aplausos possíveis, e essa integração de palco e humor nos remete também ao humor de hoje, mas já já a gente fala dele.

Dercy Gonçalves, a eterna humorista que viveu até os 101 anos com a alegria de uma criança, tinha uma presença de palco incrível e tinha em mãos a receita para se fazer rir, se ela criava um personagem ou não? Isso eu não sei, deixo para vocês analisarem.

O que eu sei é que o aliado e as vezes inimigo do ator é o improviso, e o nome mais conhecido nessa área de fugir do texto com certeza é Ronald Golias, que há cinco anos deixa saudade, segundo o seu colega e apresentador da praça é nossa, Carlos Alberto de Nóbrega, era impossível controlar o Golias com um texto fixo, ele não precisa decorar nada, só tinha que saber do que se tratava a cena e pronto, fazia o que lhe dava na cabeça, com uma personalidade e competência impar.

Mais novo que a Dercy e mais velho que Golias, e ainda vivo, José Vasconcelos, 81 anos, é o humor em pessoa, trás no seu rosto a expressão do riso, e é quase impossível não rir com o seu jeito. O ator e humorista é o pioneiro no Brasil do conhecido gênero Stand Up Comedy, e muita gente desconhece sua história.

Nascido em Rio Branco, interior de São Paulo, o ator começou sua carreira no rádio, o que era normal naquela época, ele fazia imitações de cantores, como Ari Barroso, além de imitar também outros locutores conhecidos, a maior de suas imitações e criações artísticas é do personagem “locutor esportivo gago”, aliás, poucos sabem imitar gago como o José Vasconcelos. Na TV ele participou e dirigiu o primeiro programa de TV no gênero de humor, em 1952, na TV tupi. Infelizmente hoje em dia ele está afastado da televisão e embora lúcido, ele sofre de Alzheimer.

Poderíamos passar horas e horas falando desse incrível ator, mas vamos para os dias de hoje, e vamos falar um pouco mais sobre o Stand Up Comedy,

Stand UP Comedy, um microfone na mão e uma idéia na cabeça

Gênero humorístico conhecido nos EUA chegou ao Brasil na década de 60, com José Vasconcelos, como já dissemos aqui, os nomes que continuaram a produzir esse gênero são de Jô Soares e Chico Anysio, além de engraçados, os dois tem outra característica semelhante, eles são atores.

Chega, já falei muito sobre um assunto que eu não sei, vou deixar os comentários dessa parte teatral para minha amiga Milena Buarque que é entendedora desse assunto.

Você deve estar se perguntando: o que o título dessa postagem tem a ver com isso tudo que foi dito? Na verdade, tudo que relatamos até aqui, pode ser considerado uma introdução, vamos agora chegar ao ponto principal da idéia de hoje.

Humor e jornalismo

Com a chegada da nova geração de comediantes Stand Up, uma nova vertente de programa humorístico foi criada, que mescla humor inteligente, ou seja, o humor do stand up, tiradas improvisadas, e textos do cotidiano com o jornalismo.

A primeira impressão que se tem é que é impossível misturar a seriedade do jornalismo com o humor, mas isso existe hoje em dia e todos conhecem; sim eu estou falando do CQC.

Rafinha Bastos, Oscar Filho, Danilo Gentili são alguns dos nomes desse novo humor, e a popularização do Stand Up se deu quando esse gênero foi levado dos palcos para a TV, o que deu maior visibilidade aos atores comediantes e ao genêro.

Segundo o Jô Soares, a grande sacada desse novo humor é o texto, a forma com que esses jovens escrevem sua dia-a-dia é a formula do sucesso, Jô sabe bem disso, afinal tem um dom para texto que poucos tem igual; mas vamos voltar ao jornalismo...

O jornalismo em si, é considerado sério, o papel do jornalista é ser neutro quanto a opinião sobre os temas, ou seja, ele deve levar a noticia e deixar com que o telespectador, leitor ou ouvinte tire suas próprias conclusões. Isso é muito bonitinho na teoria, não é mesmo? Mas na pratica isso não existe, e o jornalismo de hoje é dotado de opiniões e manipulações.

Conhecendo essas manipulações, o jovem dificilmente se interessa por telejornais, pois a imagem que ele tem desse tipo de programa é: dois jornalistas velhos em uma bancada, falam em um linguajar rebuscado que não se entende.

Pensando e conhecendo tudo isso, a produtora Eyeworks Cuatro Cabezas em uma parceria com a bandeirantes, trouxe o programa CQC para o Brasil (o programa já era conhecido em outros países da América do Sul).

Estava feito o sucesso, agora o jovem passaria a se interessar por telejornais, claro que não podemos falar que o jovem que assiste ao CQC está totalmente informado, mas eu acho que pode sim servir como um trampolim para que o jovem passe a buscar informações, ainda mais no assunto política, que o jovem havia deixado de lado.

O jeito CQC de fazer jornalismo

Se você pensa que o CQC foi o primeiro programa a encarar as autoridades políticas, fazendo perguntas polemicas, você está enganado, o apresentador do programa, o jornalista e ator, Marcelo Tas foi o pioneiro nesse gênero de jornalismo humorístico, e para superar a timidez (sim o Tas foi tímido, pelo menos é o que ele diz) ele criou um personagem chamado Ernesto Varela, no Youtube você encontra vídeos de Marcelo Tas atuando como o repórter Ernesto Varela.

Agora na bancada, Tas comanda essa trupe de malucos, os jovens revolucionários do jornalismo tem como principal característica o humor inteligente, e em fim chegamos ao principal assunto dessa postagem. Será que é fácil fazer o que faz o Danilo Gentili, Aproveitar a resposta do entrevistado para ser irônico e dar uma tirada de improviso?

Não, não é fácil.

“Quero ser um CQC”

Vou tomar a liberdade de usar um termo usado por Felipe Neto para explicar esse tópico. Se você que é fã do CQC acha que será o próximo repórter da atração da Band, você tem probleminha.

Quando digo isso não quero destruir o sonho de ninguém, mas essa era pós CQC fez com que muitos jovens entrassem na graduação de jornalismo pensando que tudo seriam flores, e que na faculdade aprenderia a ser um CQC.

Essa centralização de jornalismo se dá pelo fato dos jovens não conhecerem o jornalismo hard, aquele de todo o dia, os telejornais poderiam ser um bom espelho para quem quer seguir no telejornalismo, foi assim que recentemente aprendi: “não se faz televisão, sem assistir televisão” com a sábia frase da Profª MS. Regina Tavares esse texto se desenhou em minha cabeça, e mais que a simples frase, a professora nos mostrou também o quão difícil é fazer o jornalismo televisivo e espero com esse texto mostrar a todos os pupilos a jornalistas que nem tudo na TV é maravilhoso e fácil de ser feito, antes de receber críticas, quero dizer que é possível sim fazer na TV o jornalismo do CQC, mas antes é preciso conhecer o “arroz e feijão” da profissão, e se você quer mesmo de verdade fazer esse jornalismo leve, um conselho que passo é que você estude artes cênicas, afinal é preciso ter a capacidade de improviso que teve Golias, a cara de pau que teve José Vasconcelos e a irreverência com a vida que teve Dercy Gonçalves, e isso não se consegue da noite para o dia.

Não se esqueça de que o próprio Marcelo Tas teve que criar um personagem para começar a trabalhar como repórter.

Conclusão de tudo isso, antes de interpretar um repórter, você precisa tentar ser um, e se você quiser ser metade do profissional que é o Danilo Gentili, o Marco Luque, o Marcelo Tas ou o Rafinha Bastos, saia do Twitter, Orkut e MSN e vá estudar.

4 comentários:

Aline disse...

Adoro CQC, realmente essa mescla de notícia e humor é muito atraente...
Mas como você disse, não dá para se informar (e formar opinião) apenas a partir desses programas. Acho que o melhor caminho é ler jornais sério, entender o que está acontecendo e depois rir de tudo (porque o mundo é uma palhaçada mesmo).

Antenor Thomé disse...

Olá Felipe...

Obrigadopelo comentário deixado lá no Mural do Antena. Obrigado também por seguir o blog...
Dei uma olhada no seu blog e achei muito legal, vi que é um apaixonado por televisão assim como eu!!
Apareça sempre..

Um abraço

Felipe Accacio Rigaso disse...

Olá Aline, temos opiniões parecidas nesse assunto, eu acho que a melhor forma de estar informado é através de jornais sérios, nada substitui um bom impresso.
Entender o que está acontecendo e depois rir de tudo, porque o mundo é uma palhaçada mesmo, rs.. muito bom isso.
Obrigado por acessar o blog.

Felipe Accacio Rigaso disse...

Olá Antenor Thomé, sim sou apaixonado por TV, um estudante de jornalismo cheio de idéias na cabeça, gosto muito de todas as mídias, mas TV é especial.
Obrigado por acessar meu blog, e sempre passo pelo seu, parabéns.
Abraço