terça-feira, 10 de agosto de 2010

Censura sem Ditadura

Olá amigos leitores, a censura para com a mídia foi um episodio na historia brasileira ocorrida durante a ditadura militar, em definição encontrada na internet, censura é o uso pelo estado ou grupo de poder, no sentido de controlar e impedir a liberdade de expressão. A censura criminaliza certas ações de comunicação, ou até a tentativa de exercer essa comunicação. No sentido moderno, a censura consiste em qualquer tentativa de suprimir informações, opiniões e até formas de expressão, como certas facetas da arte

O tempo se passou e a Ditadura virou um fato para ser estudado pela disciplina de história, seja no ensino médio ou no ensino superior, os militares já não estão mais no poder, porém, a censura na mídia parece ter voltado para assombrar a vida de dois veículos, rádio e TV.

A volta da censura se deu na nova lei eleitoral de numero 9504/97 onde a partir do artigo 44 se faz referencias a propaganda eleitoral na televisão e no rádio, confira a reprodução dos artigos abaixo.

Art. 44. A propaganda eleitoral no rádio e na televisão restringe-se ao horário

gratuito definido nesta Lei, vedada a veiculação de propaganda paga.

* Ver art. 25, caput, da Res. TSE nº 22.718/2008.

Art. 45. A partir de 1º de julho do ano da eleição, é vedado às emissoras de rádio e

televisão, em sua programação normal e noticiário:

* Ver Res. TSE nº 22.579/2007 (Calendário Eleitoral – 1º de julho de 2008, item 3).

* Ver art. 21, caput, da Res. TSE nº 22.718/2008.

I - transmitir, ainda que sob a forma de entrevista jornalística, imagens de realização

de pesquisa ou qualquer outro tipo de consulta popular de natureza eleitoral em que seja

possível identificar o entrevistado ou em que haja manipulação de dados;

* Ver arts. 21, I, e 38, caput, da Res. TSE nº 22.718/2008.

II - usar trucagem, montagem ou outro recurso de áudio ou vídeo que, de qualquer

forma, degradem ou ridicularizem candidato, partido ou coligação, ou produzir ou veicular

programa com esse efeito;

Repare que no trecho em negrito, se lê a tão comentada lei que restringe programa de humor a “ridicularizarem” os candidatos, a nova censura está descrita nesse trecho de forma clara.

Programa de humor como Pânico na TV, Casseta e Planeta e CQC não poderão levar ao eleitor jovem – publico alvo desses programas- o tema política, e terão que esquecer o fato de estar rolando as eleições, como se ela não existisse; isso é ou não censura?

O CQC fez na noite de ontem (9) uma matéria sobre esse tema, o material divulgado no programa tem o tempo de 12 minutos e pode ser vista pelo Youtube.

Além do CQC, o humorista Helio de La Peña postou em seu blog um texto sobre o assunto.

Além desses humoristas, algumas outras personalidades mostram sua opinião sobre o assunto, e pelo que podemos perceber, nem mesmo os candidatos acharam essa lei cabível e a palavra censura foi dita por todos eles, claro que existe um interesse político em não apoiar a lei, já que ao concordar com a maioria, o candidato não “se suja”

O publicitário Washington Oliveto fez questão de ressaltar que a matéria prima do humorista é a política.

Impresso pode

Vale lembrar que a lei é destinada aos veículos TV e rádio, assim, os impressos tem a total liberdade de usar o humor para falar sobre as eleições 2010 e seus candidatos, talvez o TSE baseou-se no pressuposto de que o brasileiro burro não entenderia uma charge colocada no jornal, então nem vale proibir.

Alias o TSE observa o eleitor como um alienado que ao ver um humorista imitando um dos candidatos pode mudar sua opinião. Com essa lei, o publico jovem se afastara ainda mais da política, pois sem a leveza da abordagem do tema, o que resta é a chatice séria levada por telejornais.

Jornalismo X humor

Na matéria do CQC, o cineasta Fernando Meireles cita que não exista uma linha que meça e divida o humor do ridículo.

Além do que o Meireles falou, podemos analisar a linha que separa o jornalismo do humor, pois ela sim existe.

Assuntos factuais como, por exemplo, um acidente de carro em São Paulo são temas tratados pelo telejornalismo ou rádio jornalismo, e o publico se mantém informado a ponto de saber o numero de vitimas, etc.

Mas a mesma noticia factual pode virar estatística e assim pode-se discutir mais amplamente o que causa acidente de carros em São Paulo, e no humor isso pode se transformar em piada.

O tema político é tratado com uma seriedade complexa, e os telejornais ou radiojornais mostram todo o dia algum caso de corrupção, e a acumulação desses fatos faz com que os humoristas façam piada, em forma de protesto e ironia, mas isso não faz com que o publico mude sua opinião, apenas aguça a vontade de se discutir sobre esse tema tão complexo.

O programa CQC é jornalismo ou humor? E porque não humor com jornalismo? A escolha do que é humor e jornalismo é subjetiva, temos que parar de tentar discutir coisas tão inexpressivas, deixamos que o público escolha o que vai assistir, deixe que o publico julgue o que é jornalismo e o que é humor.

Os mesmos telespectadores que assistem ao fantástico podem assistir ao Pânico, ao CQC e ao Casseta e Planeta, que mal existe nisso?

A mídia causa medo, a mídia é poder.

Os comediantes, jornalistas e humoristas estarão fazendo um protesto no Rio de Janeiro, no dia 22 de agosto, na praia de Copacabana, todos os profissionais de humor se reuniram para reivindicar a liberdade de expressão.

O humorista Marco Luque fez um comentário na noite de ontem, com o qual quero terminar essa postagem:

Não querem que nós façamos piada? Então não nos faça de palhaços.

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