sábado, 21 de agosto de 2010

Comunicação em Massa e a Mídia Alternativa

Olá querido leitor, hoje vamos continuar falando sobre a comunicação em massa, e como prometi na postagem passada, vamos falar sobre a comunicação alternativa, chamada de mídia radical, ou nova mídia, vamos lá?

O ser humano não sabe, mas tem uma arma que leva com ele a todo o momento, uma arma que pode atingir e ferir como um soco, ou pode ser emocionante a ponto de fazer chorar, essa arma se chama palavra.
Para qualquer governo repressor a palavra é um inimigo por isso é preciso eliminá-la, mas como calar todo um país? Simples. Basta afastar do alcance do povo, os veículos de comunicação, cale todas as mídias, que assim instantaneamente todos irão se calar.
Os governos de regimes militares faziam uma espécie de manipulação da mídia convencional, ou seja, tiravam as verdades dos jornais impressos, dos boletins de rádio e dos telejornais para que ninguém pudesse protestar contra a autoridade. No regime militar não existe democracia.

Mais uma vez, vocês irão dizer, ah Felipe, isso eu estudei na escola, e eu sei o que foi a ditadura militar e os governos opressores. Bingo, consegui mais uma vez o que eu queria, se você entendeu esse conceito de governo opressor e que ele quebra o padrão da mídia convencional, ou seja a comunicação em massa fica fora do ar, já podemos partir pro próximo tópico, pois se é certa a existência da opressão, também é certa uma reação do oprimido, mas, o que as pessoas faziam para expressar sua indignação para com o Estado? Bom a melhor resposta, está em uma só palavra: protesto.
A mídia seria a melhor forma de se expressar, afinal ela foi criada para isso e historicamente o homem usa os produtos midiáticos na necessidade de se comunicar, porém com a manipulação da comunicação em massa, o que restava ao povo era lutar contra a opressão, criando uma nova mídia, mas será que isso só aconteceu no Brasil, na nossa ditadura militar? Na verdade não.
A briga política e ideológica de Ronald Reagan e de Leonid Brejnev gerou o temor de uma futura guerra nuclear, e a mídia convencional era submissa ao fato, manipulada pelo bloco soviético, assim, os Estados unidos, e a extinta Alemanha Ocidental, a Grã-Bretanha, a Itália e os baixes baixos criaram os movimentos antinucleares, em especial a Alemanha usou mídias radicais para denunciar e atacar a corrida armamentista e os perigos na energia nuclear. A guerra fria chegou ao fim absoluto em 1991, porém os países citados tiveram a necessidade de se expressar usando as novas mídias.
Um trecho do livro de John Downing relata qual foi essa mídia radical:

[...] Nos Estados Unidos, produziu-se uma serie de documentários antinucleares que foram exibidos á larga, com destaque para Paul Jacobs and the Nuclear Gang (1979) e Atomic Café (1982) [...] Um milhão de pessoas saíram ás ruas, só na cidade de Nova York. [...] (JOHN DOWNING - Mídia Radical, Rebeldia nas comunicações e movimentos sociais - Página 23)


No Brasil, o maior exemplo e o mais conhecido de aplicação de mídia radical aconteceu no período da ditadura militar, onde os oprimidos em questão usavam entre tantas outras mídias, a música, se você, querido leitor não conhece esse episodio brasileiro, faça uma pequena pesquisa sobre a ditatura militar no Brasil, e busque o nove de Geraldo Vandré, além disso ouça a música “pra não dizer que não falei das flores”
Abaixo, tomo a liberdade de mais uma vez usar John Downing, para as considerações finais dessa postagem, e uma explicação de tudo que foi dito, nas palavras do próprio autor.


Numa estrutura em que as classes e o Estado capitalista são analisados meramente como controladores e censores da informação, o papel da mídia radical pode ser o de tentar quebrar o silencio, refutar as mentiras e fornecer a verdade. Esse é o modelo de contra-informação, que tem um forte elemento de validade, especialmente sobre regimes repressores e extremamente reacionários. (JOHN DOWNING - Mídia Radical, Rebeldia nas comunicações e movimentos sociais - Página 49 capitulo: poder, hegemonia, resistência)


Na próxima postagem, vamos abordar a seguinte questão: As mídias radicais ou chamadas de nova mídia, ou ainda mídias alternativas só podem ser usadas contra a opressão? Então, elas têm validade? É o que veremos em breve.
Aguardem.

Nenhum comentário: