domingo, 22 de agosto de 2010

O outro lado da Mídia Radical

Olá querido leitor, vamos continuar falando sobre mídia radical e seus desdobramentos contextuais, além de entender cada vez mais o distanciamento dessa mídia alternativa, para com a mídia convencional, a conhecida comunicação em massa.

Pois bem, na última postagem aqui do blog, terminamos o raciocínio com uma questão: as mídias alternativas só são utilizadas contra a opressão? Então, ela tem data de validade? Ou seja, será que podemos dizer que ao alcançar o objetivo de derrubar o poder exercido pelo governo a mídia se esgota e acaba?

Não, essa é a palavra que serve como todas as respostas. A mídia alternativa não é somente uma ferramenta contra a opressão de um governo, mas é também, uma forma de abrir os olhos da sociedade para determinado grupo, ou tribo (seja urbana, ou não)

Essa nova vertente da mídia radical tem uma ligação forte para com a questão da opressão, pois determinados grupos da sociedade, se sentem excluídos e precisam criar seu meio de comunicação, precisam ser ouvidos, já que não tem espaço na grande mídia.

Como exemplo maior e de fácil entendimento, podemos pegar as comunidades de todo o Brasil, ou seja, as favelas, que não estão somente no Rio de Janeiro (como alguns pensam).

A favela precisa ter voz, e o que vemos na grande mídia, é a favela da polícia, a favela dos bandidos, mas nunca a favela dos moradores, talvez, eles próprios não tem informação do que está acontecendo de útil em sua comunidade.

Dessa necessidade nasceu a mídia radical, jornais murais, rádios piratas, entre outras mídias muito peculiares, que se diferenciam de favela para favela. Deixo aqui a dica de um filme, que retrata bem essa necessidade da favela, e mostra a história da criação de uma rádio pirata, o filme “Uma onda no ar” ilustra tudo o que aqui está sendo dito.

Já sabemos que a mídia alternativa é uma necessidade dos oprimidos pelo governo, que muitas vezes (ou sempre) cala a população através dos jornais, rádios e TV, e sabemos também, que ela tem um papel nas comunidades e tribos, se transformando em um meio próprio de comunicação, quebrando a falta de visibilidade na mídia convencional.

Mas porque não existe visibilidade comunitária na comunicação em massa?

A comunicação em massa, como já ressaltamos na primeira postagem, é definida em mensagem que chega ao grande publico, ou seja, a massa, e não se sabe ao certo quem está sendo atingido, ou seja, é um poder midiático que deve ser filtrado, e mesmo que haja uma relevância discutível, a política de consumo entra em cena e derruba qualquer coisa que seja destinado a determinado publico, e não ao publico em geral, o consumismo está presente em todas as mídias, até mesmo na mídia radical, porém, a forma com que é consumido determinado produto midiático é lavado de forma diferente, complicado né? Vamos tentar aliviar tudo isso, usando a publicidade.

Os publicitários de todo o mundo estudam o público-alvo antes de colocar a peça publicitária nos mercados, ou seja, estuda-se quem vai ser atingido antes de mostrar o seu produto, todavia, o objetivo maior é atingir a maior quantidade de pessoas, mesmo que essas não se enquadrem no perfil de consumidor daquele produto, um exemplo é a marca Mcdonalds, podemos pensar em publico alvo para essa marca? Sim, alguém que esta com pressa e quer fazer uma refeição rápida antes de algum compromisso, mas esse é o único publico atingido? E as crianças que muitas vezes comem o lanche, somente para ganhar o brinquedo? Quantos de nós não consumimos o Bicmac, só por ter visto a propaganda na TV? “dois hambúrgueres, alface, queijo e molho especial, cebola, picles num pão com gergelim” quem nunca ouviu essa música? Quem não a sabe de cor?

Acredito que deu para perceber essa coisa do consumismo, a mídia de uma forma geral, pensa com essa cabeça, com a idéia de atingir vários públicos, para que eles possam consumir cada vez mais e gerar dinheiro para aquela empresa, opa, para tudo .. caímos em outro assunto de muito pano pra manga .. O capitalismo.

Vou me preservar um pouquinho quanto a esse tema, mas posso (e devo) sugerir o documentário “Surplus” que apesar de criticado, leva ao público dois temas de bastante discussão: o capitalismo e o consumismo.

Se você quer entender melhor esse poder da mídia, a indicação mais propícia é de que você pesquise e estude essa questão no ramo político, filosófico e midiático, daí podemos tirar autores, como: Michel Foucault, Antonio Gramsci e John Downing, esse último pode ser referência central para esse tema, aliás, Downing é a minha base de estudo para todas as postagens sobre esse assunto, desde aqui.


Bom, por hoje é isso querido leitor, na próxima postagem vamos falar sobre a influência de movimentos sociais na mídia radical, e já vamos começar a citar a criatividade na hora de criar as mídias alternativas.
Aguardem

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