quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Linguagem Jornalística

Olá amigos leitores, pois é, o segundo semestre do ano letivo começou para os universitários –pelo menos para boa parte deles- assim, quero mais uma vez compartilhar um conteúdo midiático super interessante com vocês, o título dá uma noção de novidade, mas existe uma ligação entre o texto de hoje, com postagens anteriores.
A ligação que se faz de um jornalista a grande capacidade de escrever, é natural, queremos que no grande jornal que lemos diariamente esteja os melhores jornalistas e os melhores textos, porém a avaliação de bom texto é subjetiva, claro que podemos encontrar em inúmeros jornalistas o dom de escrever, afinal, as maiorias dos jornalistas começam assim, apaixonados por colocar no papel o dom que Deus lhe deu.
Porém, saber escrever e escrever para um jornal requer certo cuidado, pois a diferença entre o literário e o jornalístico não pode passar despercebida, pois bem, deixe-me melhor explicar:
No texto literário, os detalhes são imprescindíveis para a compreensão e para a imaginação da história, cenário e personagens, mas por que não podemos usar essa mesma formula no jornalismo, já que a riqueza de detalhes dá ao texto uma melhor explicação do ocorrido?
antes de dar o exemplo, tenho que citar uma colega, futura jornalista, que ao meu ver se dá bem tanto com texto jornalístico como literário, Milena Buarque
.. vamos seguindo ...

Imagine ler um texto que carregasse a seguinte manchete:
“Homem é encontrado morto na porta de uma casa em São Paulo”

Rita, 32 anos, mulher de média estatura, ruiva acordou ás oito da manhã da ultima sexta-feira, esticou os lençóis e caminhou até o corredor, abriu com cuidado a porta do banheiro, que tem o costume de fazer barulho, se despiu, abriu o chuveiro, e se banhou.
Apesar do barulho que a água fazia ao cair no chão, Rita ouviu a companhia e se enrolou na toalha, colocou o roupão e gritando “já vai, já vai” desceu as escadas para atender a porta, ao girar a maçaneta, Rita percebeu que não havia ninguém no local e que o corpo de um homem estava no chão, tocou o braço do rapaz, com ar de espanto e percebeu que o homem estava morto, aflita, correu para o telefone, discou 190 e disse ao um policial sobre o que havia acontecido, a polícia chegou ao local e começou a investigar a situação e a causa da morte do desconhecido homem.


A riqueza de detalhes colocada a cima, pode expressar a linguagem de um livro de ficção, porém, foge da linguagem jornalística, pois usa detalhes de mais para se entender o fato, o que deixaria o leitor cansado, partindo do pressuposto que todas as notícias de um determinado jornal fossem escritas assim, de certo, muitas pessoas iriam ler no máximo duas notícias tão longas, enfim, no mundo que vivemos hoje, tempo é dinheiro, e não possuímos horas livres para ler todo jornal ou revista, queremos estar bem informados em pouco tempo.

O inicio de texto cheio de detalhes, era chamado no jornalismo de nariz de cera, que em definição é:
Era o texto introdutório, longo e rebuscado, que antecedia a narrativa dos acontecimentos que visava ambientar o leitor sobre os fatos que seriam narrados a seguir. Usava uma linguagem prolixa e pouco objetiva.

Objetividade, essa é a palavra para definir o texto jornalístico, e para quebrar a “forma nariz de cera” de se escrever foi criado um termo chamado: “pirâmide invertida”

Pirâmide invertida- De acordo com essa técnica narrativa o texto noticioso deveria ser estruturado segundo a ordem de importância e a ordem decrescente de interesse e relevância das informações de maneira que o leitor tivesse acesso aos dados essenciais sobre o fato nos parágrafos iniciais.

Assim, a transformação no texto jornalístico trouxe mais dinâmica para a leitura, e com as informações contidas no lide, o leitor já sabia a principal mensagem que o jornalista gostaria de passar.
Para expressar a diferença entre o texto literário e o texto jornalístico, (e enterrar de vez a comparação entre os dois por aqui) podemos mencionar uma clássica obra de Érico Veríssimo chamada “Clarissa”, onde o autor descreve de forma detalhada a rotina de uma pré-adolescente.
A forma de Veríssimo em “Clarissa” (e em outras obras) se afasta do conceito de jornalismo, porém, isso não quer dizer que ele não sabia escrever da forma de “pirâmide invertida” afinal, aposto que sua inteligência fazia com que ele escrevesse sobre qualquer assunto.

Lembra-se do caso da Rita? Aquela que encontrou o corpo na porta de casa? Se o mesmo fato tivesse sido contado da forma jornalística, o texto ficaria mais ou menos assim:

Na manhã dessa sexta-feira, Em São Paulo, Rita de 32 anos, encontrou na porta de sua casa o corpo de um homem. Ao sair apressada do chuveiro a mulher percebeu o corpo no chão e ao tocá-lo constatou que se passava de um homem morto, ligou para a polícia, que investiga a identidade do homem e a causa da morte.

O chamado lide, ou seja, o primeiro parágrafo do texto deve responder as perguntas, Quem? O que? Quando? Como? Onde e Por quê? Porém é normal que uma das respostas não esteja no primeiro parágrafo e sim no segundo, chamado de sublide, mas, existe a possibilidade também de algumas das respostas não estar nem no lide e nem no sublide e nem no resto do texto, rs, calma querido leitor, não é necessário ofender a mãe do jornalista por isso, pois é natural, e às vezes a pesquisa feita pelo jornalista e todos os levantamentos dos dados não tenham dado informação suficiente para responder uma ou mais perguntas dessas.

Bom, é isso, espero que tenham gostado do post, e comece a comparar o texto jornalístico e o literário e você irá ver a diferença de uma para o outro.

PS: a “notícia” acima é fictícia, não existe nenhuma Rita e não existe corpo algum encontrado na porta de casa. rs

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